Foto antiga do Cemitério N. Sra da Piedade |
Foto atual do Cemitério N. Sra. da Piedade |
Cemitério Nossa Senhora da Piedade foi criado através da Lei nº 130, de 6 de julho de 1850 estabelecendo que o governo estava autorizado a construí-lo no lugar que julgasse apropriado. Na fala Presidencial de novembro daquele ano, o governante explicou que a escolha do local foi objeto de profundos estudos e que para tal foram mobilizados “todos os médicos e engenheiros existentes na Cidade”. ano final do século XIX.
A criação se deve a falta de um cemitério em Maceió, o que preocupava a
população porque era tempo de epidemias e suas terríveis consequências para a população, principalmente os mais pobres. Os espaços para inumações ficavam restritos aos cemitérios das
igrejas, ou mesmo as suas áreas internas, onde os mais abastados procuravam
para última morada. A decisão de construir um cemitério em Maceió foi tomada pelo presidente em exercício da província de Alagoas, Dr. Manoel
Sobral Pinto,
Para a escolha do terreno foram levados em consideração a direção dos ventos, natureza do solo, topografia e vizinhança.
O terreno formado por “arèa granitosa” na região onde hoje é o bairro do Prado, também apresentava problemas para a instalação de um cemitério, no entendimento da comissão. O relatório aponta que este solo permitia facilmente a evaporação da umidade, principalmente pelo calor. Um local quente e sem umidade dificultaria “se realizar a fermentação pútrida dos cadáveres”, que ficaria seco. A solução indicada no relatório era tirar uma camada de areia e substituí-la por barro.
O jornal O Correio de Maceió de 29 de setembro de 1850 publica o expediente do governo informando que foi ordenado ao engenheiro Pedro José Schranback que marcasse e fizesse o quadro de alicerce para a edificação do cemitério, preparando para receber a primeira pedra.
Definido o local, a obra é levada em hasta pública conforme editais publicados no O Correio de Maceió de 3 e 7 de novembro de 1850. Ao que tudo indica, até 1954 nenhum licitante se habilitou e o presidente da província, Roberto Calheiros de Mello, resolveu que a própria administração pública construiria o cemitério. Foram utilizados 3.000$000 réis consignado pelo Ministério do Império, mas naquele ano foram gastos 8.000$000. As obras tiveram início em junho de 1854.
Em 1855, o presidente da província, Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, anunciava que as obras estavam “muito adiantadas”, e que o cemitério já contava com 274 catacumbas, sendo 198 construídas com recursos públicos e “as outras por conta das diferentes confrarias existentes nesta Cidade”. A “área quadrada” era de 597 palmos de face.
Em novembro do mesmo ano, Roberto Calheiros de Mello, presidente em exercício, reclama da morosidade das Confrarias na construção das suas catacumbas, e que isso estaria atrasando a utilização do cemitério. Ele informa ainda que para a conclusão da Capela estariam faltando apenas o altar e as portas.
A mitológica Mulher da Capa Preta no Cemitério de Nossa Senhora da
Piedade
Como as irmandades não construíam suas catacumbas e havia a ameaça da
cólera, o presidente Sá e Albuquerque anunciou, em 1856, que o próprio governo
assumiria a conclusão da obra, mas fez questão de denunciar os que não cumpriram
com os compromissos. “Apenas duas, as do Sacramento e Martyrios, construiram as
que lhes pertenciam”.
O cemitério começou a funcionar ainda em 1855, mesmo com algumas
obras em andamentos. O ano seguinte, a situação era a mesma e Sá e Albuquerque
resolveu nomear uma comissão para administrar as obras, além de reconhecer as
elevadas despesas com a construção. Nesta época a antiga Estrada do
Trapiche já era conhecida como Estrada do Cemitério, que ainda não tinha
denominação. Era simplesmente o Cemitério Público de Maceió.
Após 24 anos de funcionamento, o Cemitério da Piedade já reclamava por
manutenção. O jornal O
Orbe de 4 de julho de 1879 noticia, em
matéria de primeira página, o estado de abandono do cemitério público de
Maceió. “Lagedos de cimento despedaçados completamente, canteiros de flores
destruidos, vasos inutilizados, uma aridez bem significativa do abandono e
triste, as escavações produzidas pelas formigas minando as bases dos
mausoléus”. O jornal informa ainda que o cemitério está a encargo de uma
instituição de caridade.
Segundo Felix de Lima Júnior, em Cemitérios de Maceió,
quando inaugurado, em 1955, o cemitério passou a ser chamado de Nossa Senhora
da Piedade, ficando ao encargo da mesma irmandade que administrava a Santa Casa
de Misericórdia de Maceió. Somente em 1880 é que a municipalidade assumiu o seu
controle.
O velho problema da localização do cemitério volta à tona 38 anos
depois. Em 1893, o governador Gabino Besouro enviou mensagem à Assembleia
Legislativa pedindo o fechamento temporário do cemitério para reformas.
Ele temia que as infiltrações no terreno poroso pudessem afetar as habitações e
edifícios que já tinham sido construídos no entorno do cemitério.
O mais antigo cemitério de Maceió, após 161 anos de serviços prestados
ao maceioense, continua a funcionar plenamente, mesmo não recebendo os
investimentos necessários para um equipamento tão importante para a capital.
Além de guardar os corpos dos falecidos, o Cemitério de Nossa Senhora da
Piedade também preserva belo patrimônio artístico nas peças esculpidas para os
mausoléus, que são objetos de vários estudos acadêmicos.
As catacumbas revelam o status das familias que repousam em paz em suas últimas moradas.
Túmulo de Muniz Falcão - Governador/Al |
Monumento aos ex-combatentes |
http://www.historiadealagoas.com.br/cemiterio-de-n-s-da-piedade-completa-160-de-historias.html
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